Em Salvador, o desfile será realizado neste domingo (8) e terá a cantora Daniela Mercury, que recentemente anunciou que irá se casar com uma jornalista, como rainha da festa.
A concentração do evento acontece no Largo do Campo Grande e está marcada para 11h deste domingo. O trio oficial abre a festa às 15h, com Bagagerie Spilberg como mestre de cerimônia, a coroação da madrinha, do padrinho do desfile e discurso de autoridades. O trânsito no centro da cidade muda para a realização do evento.
Scarleth se apropriou do sobrenome de Ivete Sangalo, de quem é cover, para a sua carreira de transformista. “O pessoal disse que eu tinha as pernas grossas como as dela, achavam bem semelhantes, e começaram a me chamar de Ivete”, conta. "O Scarleth veio de quando pesquisei nomes bonitos na internet. Vi que Scarleth significa uma pedra vermelha", revela.
Este é o sétimo ano que Scarleth participa do evento. Da primeira até a apresentação deste domingo, a transformista afirma que já encontrou pessoalmente Ivete Sangalo, que participou de um clipe de Daniela Mercury e de programas televisivos.
Com o prestígio acumulado, as roupas dos anos anteriores e as maquiagem tomam o espaço da casa em que mora situada na Chapada do Rio vermelho. "Se deixar, gasto meu dinheiro todo com tecido. Também não posso ver uma peruca. Sou louca por peruca", diz.
Ao longo do ano, ela apresenta dublagem de músicas estrangeiras em bares e faz shows em casamentos, aniversários ou formaturas. "Show num bar você passa a noite toda e ganha R$ 50. Em casamento, você pode ganhar até R$ 150. Já paguei muito a faculdade com dinheiro de evento. Também tenho um blog na internet onde conto como foram as festas", relata.
Formada em Publicidade, Scarleth Sangalo trabalha na divulgação de eventos e elaborando banners. Tudo isso para cobrir os gastos, nada pequenos. Uma das roupas dela, inspirada em um figurino dourado usado por Ivete Sangalo, custou R$ 6 mil.
Na Parada Gay deste ano, Scarleth vai usar uma roupa inspirada na cantora americana Nicki Minaj. A principal canção escolhida para o show foi "Dançando", de Ivete Sangalo. "Queria uma roupa ousada, com tendência da moda. A expectativa das pessoas é sobre o figurino. As músicas não têm tanta importância, porque as pessoas esperam o que você vai vestir, o que vai aprontar. O público é muito exigente, cria uma expectativa muito grande sobre isso", acredita.
Ansiosa com o show, ela conta, antes de aparecer ao público, busca comer alimentos leves e beber muita água. "Não durmo direito. Acordo sempre muito cedo. A Parada Gay tomou uma grande proporção. Não é mais um evento pró-gay, não é só mobilização. [O evento] fala do nosso universo. É o modo de mostrar para os héteros queo nosso universo é assim, alegre e feliz", defende.
Um pouco da vida...
Scarleth tem 29 anos e conta que o apoio dos pais esteve sempre presente desde o início da carreira de transformista. "Moro com a minha mãe e ela fica bem agoniada com tudo isso, mas gosta. Meu pai descobriu [que ela era transformista] quando apareci em um programa de TV. Eles entenderam, viram que era profissão. Minha mãe me ajuda, faz até uma comida mais tranquila no dia em que vou me apresentar", afirma.
No entanto, ela ressalta que, aos 12 anos, começou a se sentir alvo de preconceito e que até hoje esse sentimento faz parte da sua realidade. "Tem muito preconceito. Você passa na rua maquiada e as pessoas começam a gritar, a chamar de 'viado', a xingar. Já apanhei muito também. Isso geralmente vem de homens. Parece que é inveja, vontade de ser igual a mim e não poder. Mas já estou mais blindada com isso. Eu não ligo. Estou em um patamar maior", comenta.
Diante disso, Scarleth vê na participação da cantora Daniela Mercury como rainha da Parada Gay como uma forma positiva de divulgar a bandeira do movimento. "Achei bacana e super importante ela ser a madrinha. Ela é uma referência, uma pessoa que pode ser uma porta voz para todos", acredita.
Fonte: G1
